Dia
da Consciência Negra
Dia da Consciência Negra. 20 de novembro. Dia
de Zumbi. Não pode ser mais uma data no calendário. Mais um dia para os
alunos saberem e os professores desenvolverem atividades alusivas. Não.
Deve ser uma referência para todos os meses do ano. Base para um trabalho
diário onde o direito à igualdade, o fim a qualquer tipo de pré-conceito
deve ser eliminado. É mostrar e trabalhar com o educando o quanto este
país se formou - e está se tornando uma referência para os demais - devido
ao esforço e sacrifício de homens e mulheres no passado oriundos da
África. É desmitificar mitos que se apresentam como verdades em livros.
Sim, o Brasil é de maioria negra e parda. Sim, a raiz de nossa cultura é
africana. Sim, o Rio Grande do Sul se tornou um estado forte graças a
pecuária/charqueada mantida por mãos e braços negros. Sim, os afros
descendentes ainda são minorias nos melhores postos de trabalho. Sim,
ainda há discriminação.
Focar os esforços na semana ou no dia da
consciência negra pode ser relevante, mas não pode ser visto como regra. O
que neste período é tratado deve ser diariamente visto e revisto com toda
a comunidade escolar. E o mais importante, deve ser colocado devidamente
em prática.
Nunca será demais mostrar à Comunidade Escolar
o quanto a nossa cultura tem raízes na África. A origem dos primeiros
hominídeos está no solo africano. O primórdio da pecuária e agricultura é
africano assim como metalurgia. É também trazer à luz novas teses sobre a
chegada dos primeiros seres humanos no continente americano. Um dos
exemplares de fóssil mais antigo, já encontrado no continente americano,
tem traços africanos. É descortinar o que por muito tempo não foi
mostrado. É o caso da participação dos negros na Revolução Farroupilha.
Valorizar a participação com coragem de soldados negros em ambos os lados
que morreram na esperança de receber a liberdade. É apontar que hoje
“heróis” não mediram esforços em trair aqueles que lutavam ao seu lado. É
sempre lembrar da luta de Porongos.
O dia da Consciência Negra vai passar, mas não
podemos, nos demais dias, esquecer de Zumbi e o que ele representou. Não é
questionar se existiu ou não. Se era bom ou ruim. É lembrar que, como ele,
ninguém quer ser um escravo. Escravo a qualquer coisa. Todos devem ser
livres para sonhar e viver. Livres para amar a si e aos outros. Mas, para
ter a liberdade é necessário manter vivo a história de todos que um dia
por “ela” lutaram e morreram. E principalmente, manter o respeito aos
demais.
Texto: professor Eduardo Silveira
Leia também: atividades na
Semana da Consciência
Negra, na WF