Relato do trabalho desenvolvido nas aulas de artes da EMEF Gabriel Obino em 2009

 

Se meus olhos fossem câmeras cinematográficas eu não veria chuvas nem estrelas nem lua, teria que construir chuvas, inventar luas, arquitetar estrelas. Mas meus olhos são feitos de retinas, não de lentes, e neles cabem todas as chuvas estrelas lua que vejo todos os dias todas as noites.

                                                                            (CAIO FERNANDO ABREU)

 



        Tudo começou com o desejo de algumas alunas das turmas de C30,  de trabalhar com a massa de biscuit. São muito comuns os pedidos dos alunos, de realização de  trabalhos de artesanato que estão na “moda”. Quando isso acontece, tenho que planejar rapidamente um trabalho que vá além, que ultrapasse o senso comum etenha uma relação com a arte. O que não é fácil, mas são desafios que em geral resultam em trabalhos interessantes, talvez por serem inesperados e por exigirem uma  pesquisa mais elaborada da minha parte. São abordagens novas para mim e para os alunos enfim, são aventuras rumo ao  desconhecido.

        Desenvolvo com os adolescentes, um trabalho contínuo que considero fundamental nessa etapa da vida, a partir do conceito de identidade. Os diversos papéis assumidos nos grupos os quais transitam, a idéia do eu múltiplo. A partir dessas idéias, lancei para os alunos a proposta do trabalho de criação de histórias utilizando bonecos de biscuit. A história seria criada, o processo de confecção dos bonecos, objetos e cenários seria artesanal, e por último tudo seria fotografado. As turmas aceitaram a proposta e iniciamos o trabalho.

         Primeiro, propus desenhos e brincadeiras com o objetivo de criarem personagens. Depois, cada um criou a sua história em quadrinhos, utilizando personagens inusitadas, como por exemplo: o amor do porta-jóias com o tapete, a amizade da vassoura com a sombrinha, a luta da meia soquete com o chuveiro. A partir daí, surgiram as personagens com massa de modelar, e os alunos passaram a ter uma visão mais concreta da proposta de trabalho. Durante a sua confecção, os bonecos começaram a agir e dialogar. Os bonecos criados pelo Paulo, Renan e Vítor, aparecem na foto acima.                                                 

       Passadas as experimentações, os grupos iniciaram a escrita das histórias: uma, é povoada de seres aquáticos imaginários em conflito, outra, da paixão de uma menina negra rica por um menino branco pobre, outra de bruxas, etc. As personagens de biscuit foram criadas e modeladas e os cenários confeccionados, utilizando papelão pintado, com fotografias de revistas, objetos de sucata e de biscuit. Em seguida, as histórias foram fotografadas com o desafio de representação da sequência da história, através das imagens.

      A ida à Bienal do MERCOSUL, nos trouxe o encantamento do trabalho, Luis (da série Lucía, Luis y el Lobo), de 2008, uma animação em stop motion, dos artistas chilenos: Niles Atallah, Joaquín Cociña e Leon. A imagem acima, faz parte de uma sequência de testes fotográficos dos bonecos e parte do cenário das alunas Francielen e Pamela.
             

     Por último, na sala de informática e utilizando o programa windows movie maker, montamos as histórias dando o seu acabamento final. Foi uma experiência muito válida onde eu e os alunos tivemos novos aprendizados.

 
 

                                                                      Maria Lúcia Strappazzon – arte-educadora.

A seguir filmes  desenvolvidos pelos alunos neste projeto.

Duas bruxas e uma só feitiçaria

Enganos e desenganos

Era uma vez...

Zitolandia