Apresentação

"A cidade moderna funciona como um gigantesco livro, coletivamente escrito e

coletivamente lido. [...] Nesta babel de linguagens, o transeunte da cidade passeia

entre signos e símbolos que o advertem: ou me decifras ou te devoro!"

Marisa Lajolo

    

    O caderno de número seis da Oficina de Leitura e Produção Textual inicia com uma proposta que expõe reflexões acerca da felicidade, desencadeada pelo conto Felicidade Clandestina de Clarice Lispector. O mesmo caderno encerra-se com outra reflexão, o significado da liberdade. Não é por acaso que questões tão caras ao ser humano atem as duas pontas desta publicação. O que seria de nós se abandonássemos a persistente busca sa felicidade e da liberdade? Nós, seres humanos, nos diferenciamos dos outros animais, também por este detalhe. Não se trata de criar ilusões, mas de confrontar possibilidades reais ou imaginadas com o cotidiano de cada um dos integrantes da oficina

      A epígrafe escolhida deste caderno é uma singela homenagem a professora Marisa Lajolo com a qual tive o prazer de fazer um curso em Passo Fundo, na Jornada de Literatura de 2005. A professora, na ocasião, nos dizia da importância de estarmos afinados com a abundância de recursos visuais, estéticos, presentes, por exemplo nos centros urbanos, na cidade. Neste sentido, mais uma vez se faz presente, neste caderno, comentários e 'algumas viagens' a partir dos passeios realizados ao longo do ano, bem como de registros da triste realidade das favelas do Brasil, através de episódios de Cidade dos Homens, da Rede globo e da reportagem com MB Vil sobre Falcão meninos do tráfico.

      O caderno também oportuniza espaço para que a esperança de um mundo melhor esteja expressa, quer em forma de poesia, de 'rap' ou de narrativas. Há também a valorização da cultura popular e da sabedoria singela, presente nos ditados populares tão comuns nas famílias de todos nós. Destacamos, por fim, alguns valores imprescindíveis para uma convivência permeada de dignidade: a lealdade, a parceria, a solidariedade.

Catia Castilho Simon

                                                                                                                                  

Porto Alegre, dezembro de 2006.