A ARTE DAS MISSÕES JESUÍTICO GUARANI |
A
imaginária missioneira
guarani, com raras exceções é praticamente
anônima. Sabe-se que os jesuítas orientavam os
indíginas nas oficinas de arte, além de talharem algumas
peças por inteiro.
Nos séculos XVII e XVIII, esta arte se desenvolveu
com tamanha beleza, que deixava extasiados os visitantes que por ali
passavam. Eram obras barrocas
que
serviam também como elemento catequético.
Esse caráter didático da arte apareceu na
Idade Média como uma forma eficiente de ensinar religião.
As figuras eram talhadas na madeira que depois era policromada. Os
altares, também em madeira, eram coloridos e dourados, decorados
com pilastras, flores e santos.
Foi no século XVIII que as igrejas passaram a ser construídas em pedra.
Eram grandiosas para o ambiente local e sua arquitetura era inspirada
nas igrejas européias da época, especialmente a de Gesu,
de Roma, da Companhia de Jesus.
O
barroco possui um caráter pictório. A arquitetura
pictórica é aquela marcada pela impressão, pelo
que parece ser, pela massa que se estrutura do claro ao escuro,
iluminada por matizes de luz. Ao inverso da estética
renascentista, o barroco nega a linha, nega a busca de elementos
homogêneos, tem aversão pelo ângulo reto. O barroco, ao valorizar o
pictórico, a massa, a ausência de simetria, rompe com a
estética renascentista que produzia uma visão espelhada
entre culturas. Impressionando pela aparência de todo o conjunto,
desmobilizando o significado que remetia às figuras perdidas em
meio a um emolduramento povoado de dinamismo, o barroco deixava
espaço para a cultura indígena significar. Esvaziando os
sentidos atribuídos a determinadas formas, negando a
fixação de um eixo central, o barroco permitiu a
eclosão de formas cuja presença plástica deixara
evidente um núcleo de energia. O barroco, ao permitir que a pintura, a escultura ou a arquitetura tomem caminhos "desconhecidos", abrindo espaço para a participação de múltiplas naturezas, ou, ainda, ao expressar-se através da transformação-deformação do objeto, pode permitir, caso o artesão construtor seja indígena, uma "adaptação" em que a forma maciça proclame diversas ordens de significações.
A
cultura transposta da Europa transforma-se em exterioridade e, como
tal, permite a sobrevivência dos volumes e superfícies
à maneira indígena sem que com eles se conheça o
significado do patrimônio cognitivo da comunidade que o produziu. |
Estátuas
em madeira policromadas Ruínas de São Miguel - RS |
Púlpito
- pedra Ruínas de Trinidad Paraguai |
Missão
de Concepcion - Bolívia. - Missão dos Chiquuitos - Altar em madeira talhado a ouro. |