Etnia Portuguesa


    Cultura

    Muitos foram os cidadãos riograndinos com descendência lusa que ajudaram a escrever a história do Rio Grande, entre eles: Rafael Pinto Bandeira; Manuel Marques de Souza, o Conde de Porto Alegre; General Antônio de Souza Neto; João Francisco Vieira Braga, o Conde de Piratini, entre outros.

    Além da artes, da música e da culinária, a contribuição cultural portuguesa para a cidade do Rio Grande foi e continua sendo bastante expressiva. Foi o português João Barbosa Coelho quem coordenou, juntamente com outros amigos lusos, um Gabinete de Leitura, no ano de 1844. Este local transformou-se, mais tarde, na atual Biblioteca Pública Riograndense, a mais antiga do Estado. Também foram criadas por portugueses que aqui residiam, a Santa Casa de Misericórdia, fundada em 18 de novembro de 1831 por Rodrigo Fernandes Duarte, e a Beneficência Portuguesa, belíssimo prédio, idealizado por Luiz Henrique de Souza, José Ferreira dos Santos, José Valente da Costa e Albano Gonçalves de Oliveira entre 1854 e 1859.

    As marcas que os imigrantes produziram no povo brasileiro, em especial no gaúcho, não apenas impregnam o imaginário cultural, como também estão presentes na organização econômica de muitas comunidades. Foi a partir de Rio Grande que muitas outras cidades se formaram, guardando vestígios da presença lusitana até os dia atuais.

Arte

    O trabalho artesanal dos descendentes de imigrantes portugueses, conserva a particularidade do artesanato “Além Mar”. A tecelagem com palha, corda, linha e fibras vegetais. Confecção de chapéus, cestas e xales mantém a característica dessa cultura européia, repassada pelos primeiros colonizadores e que ainda é desenvolvido em Rio Grande, nas ilhas próximas a cidade.

Música

    O Fado é o estilo musical português. Geralmente é cantado por uma só pessoa (fadista) e acompanhado por viola e guitarra portuguesa. Os temas mais cantados no fado são a saudade, a nostalgia, o ciúme ou as pequenas histórias do cotidiano dos bairros típicos. Sua origem é obscura, acredita-se que tenha surgido na primeira metade do século XIX e teria origem nos cânticos dos Mouros, que permaneceram no bairro da Mouraria, na cidade de Lisboa após a reconquista Cristã. Sua intérprete mais célebre foi Amália Rodrigues.

    A musica portuguesa além fronteiras tem atingido um patamar de reconhecimento internacional e tem ajudado a divulgar a língua portuguesa em todo o mundo.

    As Bandas Filarmônicas também fazem parte da cultura popular portuguesa. Elas representam cada localidade, tocando variados estilos musicais, desde a popular à clássica. As bandas portuguesas são as que melhor apresentam qualidade artística.

    Os instrumentos musicais típicos portugueses são: cavaquinho, gaita-de-foles, acordeão, violino, tambores, guitarra portuguesa (instrumento característico do fado) além de uma variedade de instrumentos se sopro e percussão.

Dança

    Na bagagem dos colonizadores e imigrantes portugueses vieram uma das maiores contribuições culturais, as danças e festas folclóricas. Chimarrita, pau-de-fita; quadrilha, as festas juninas, de São João, São Pedro e Santo Antônio, os fandangos e as cantorias do espírito santo, conhecidas em todo o país e bastante difundida pelos gaúchos, tiveram origem em Portugal, mas foram incorporadas a cultura brasileira.

    Do folclore português fazem parte as danças do vira, do Minho, dos Paulisteiros de Miranda, da zona mirandesa, do Corridinho do Algarve ou do Bailinho, da Madeira.

Religiosidade

    É forte a influência portuguesa na questão da religiosidade, uma vez que o catolicismos é a religião oficial no Brasil e em Portugal. Essa influência pode ser vista nas crenças, mitos, superstições, nas promessas e procissões. Praticas bastante desenvolvidas entre os brasileiros.

    Entre os gaúchos, em especial os rio-grandinos essas manifestações religiosas podem ser acompanhadas nas procissões de Corpus Christi, de Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora dos Navegantes e São Pedro.

Culinária

    A gastronomia portuguesa é muito rica em variedade. Cada localidade do país tem os seus pratos típicos, incluindo os mais diversificados elementos, passando pelas carnes de gado, carneiro, porco e aves, pelos variados enchidos, pelas diversas espécies de peixe fresco e marisco, além é claro do bacalhau. Entre os queijos, destacam-se os da Serra da Estrela e de Azeitão.

    Dentre os partos típicos, destacam-se o Cozido à portuguesa, o Bacalhau à Braz, à Gomes de Sá, as Espetadas da Madeira, o cozido vulcânico dos Açores, o Leitão assado à moda da Bairrada, os Rojões de Aveiro e do Minho, a Carne de porco à alantejana, típica da zona de Braga, o Caldo verde e os peixes grelhados.

    Na docaria, entre uma enorme variedade de receitas tradicionais, destacam-se os famosos Pastéis de Belém, os ovos moles de Aveiro e o pão-de-ló de Ovar.

P    ortugal é um país fortemente vinícola, sendo célebres os vinhos do Douro, do Alantejo e do Dão, os vinhos verdes do Minho, e os licores do Porto e da Madeira.


Disponível em<http://www.fearg.com.br/site/?n_link=etnia_portugueses> Acesso setembro de 2009.

Conto Português

Caldo de Pedra

 

                Um homem andava de porta em porta pedindo coisas. Um dia chegou na casa de um agricultor, mas não lhe deram nada. O homem estava com muita fome e disse:

                - Ai, ai. Acho que vou ter que fazer o caldinho de pedra.

                Então ele juntou algumas pedras do chão, tirou a terra, e começou a olhar para elas para ver se davam um bom caldo. Olhava de um lado. E olhava do outro. As pessoas que moravam na casa começaram a rir dele e o homem disse:

                Quer dizer que vocês nunca comeram caldo de pedra ? Pois eu digo e afirmo que é uma coisa muito boa!

                - Sério? Pois nós queremos ver.

              Era bem isso que o homem queria ouvir. Ele catou uma lata velha, pegou as pedras e foi até um riacho que passava ali perto. Lavou as pedras, colocou dentro da lata, e encheu com água até a metade. Acendeu um fogo e colocou a lata em cima.

                As pessoas ficavam olhando e rindo dele.

                Quando começou a ferver, ele disse:

                - Puxa! Se tivesse um pouquinho de azeite.. ia ficar bem mais gostoso!

                O agricultor olhou para a esposa, fez sinal que sim com a cabeça. Ela foi correndo buscar.

                O homem colocou o azeite na lata e deixou ferver, ferver, ferver. Daí provou.

                Ah, isso aqui ta meio sem gosto. Se tivesse um pouquinho de sal..ia ficar bem mais gostoso!

                O agricultor olhou para a filha, fez sinal que sim com a cabeça. Ela foi correndo buscar.

                O homem colocou o sal na lata e deixou ferver, ferver, ferver. Daí provou.

                - Ai, ai. Se tivesse algumas batatas..ia ficar bem mais gostoso!

                O agricultor olhou para o filho do meio fazendo o mesmo sinal. O menino foi correndo buscar.

                O homem colocou as batatas na lata e deixou ferver, ferver, ferver. Daí provou.

                Que pena! Se tivesse uns pedacinhos de carne.. ia ficar bem mais gostoso!

                O agricultor já estava impaciente. Balançou a cabeça ligeiro e o filho mais novo foi correndo buscar.

                - Que coisa! Se tivesse umas três cenourinhas.. ia ficar bem mais gostoso!

                O agricultor deu uma suspirada, ergueu as calças e deu uma olhada pro cachorro. E ele foi correndo buscar.

                O homem colocou as cenouras na lata e deixou ferver, ferver, ferver. Daí provou. Deixou ferver mais um pouco.. Provou de novo!

                Então ele tirou um pedaço de pão velho de dentro do bolso. Tirou as pedras da lata. E começou a comer o caldo com o pão.

                O agricultor e a família não acreditavam no que estavam vendo!

                - Ô seu moço, e as pedras?

                De barriga cheia, o homem respondeu:

                - As pedras? As pedras eu guardo no bolso.. para o próximo caldo!

Referência - Projeto do Correio do Povo. Criança:Futuro das Tradições Gaúchas 2008.
Texto e atividades:
Léia Cassol
Gisella Cassol
Sibeli Siegle

Ilustrações e Projeto Gráfico
Giana Lorenzini