Conto Italiano
Foi uma vez e não viu ninguém. Foi pela segunda vez e ninguém viu ela também. Mas, na terceira vez, enquanto estava abaixada pegando a salsa, sentiu uma mão em seu ombro e levou um baita susto! Ouviu uma voz grossa e rouca: - O que você está fazendo? – foi uma das freiras quem perguntou. - Nada...eu...só estava...só estava pegando emprestado. É que eu vou ter um bebê e estou com muito desejo de comer salsa. A freira olhou bem nos olhos da mulher, e disse com um risinho no canto da boca: - Leve. Leve quanta salsa quiser. Mate o seu desejo. Mas prometa que ser for menino o nome será Menino-Salsa. Se for menina, Menina-Salsa. Ah! E quando o bebê crescer, você deverá entregá-lo a nós. Esse será o meu pagamento. Naquele momento a mulher achou aquilo ridículo. Mas, quando a menina nasceu, deu o nome de Menina- Salsa. A Menina-Salsa gostava de brincar no pátio e, certo dia, chegou perto do muro do convento. A freira viu a menina e chamou: - Tá, Menina-Salsa, pergunte à sua mãe quando ela vai me dar aquilo! - Tá legal! – respondeu a menina. E saiu saltitando. Chegando em casa, ela disse a mãe: - Mãe, a freira me perguntou quando é que você vai dar aquilo pra ela. A mãe falou, rindo: - Diz pra ela vir buscar! Num outro dia, a menina foi brincar lá perto do muro novamente. Mais uma vez a freira chamou: - E então, Menina-Salsa. Perguntou à sua mãe? - Perguntei. Ela falou que é pra você ir buscar. Nesse momento a freira, que tinha um braço gigante, pegou a Menina-Salsa pelo pescoço. - Então venha! Hahahahaha! E a menina responde: Eu? Não...eu não!!! - Sim, você sim! A freira levou a menina para dentro e contou o que a mãe tinha prometido. A menina ficou muito triste, chorava. Pensava porque a sua mãe nunca tinha contado nada. E a freira novamente falou, a voz era terrível: - Ponha um caldeirão de água no fogo. Quando começar a ferver, entre nele. Que belo jantar eu vou ter! A menina chorava muito mas, mesmo assim, colocou o caldeirão no fogo. Nesse momento apareceu um velhinho dentro de uma das outras panelas que estavam no fogão: - Por que está chorando, menina ? - Eu tô chorando porque a freira disse que vai me comer no jantar. - Freira? Ela não é uma freira. É uma bruxa! Deixe o caldeirão aí e pare de chorar. E agora pegue essa varinha mágica. E, quando ela vier ver o caldeirão, encoste esta varinha na bruxa. Você vai ver o que acontece... A menina pensou que o velhinho tinha dito aquilo só para ela parar de chorar, mas ficou mais calma. E, antes que o caldeirão fervesse... - Senhora freira, senhora freira! A água está fervendo! Ela veio rindo, gritando e esfregando as mãos: - Que maravilha! Que belo jantar eu terei! Muito assustada, a Menina-Salsa já esperava dentro do caldeirão. Quando a freira chegou perto, ela pegou a varinha e encostou em seu grande traseiro. Uma fumaça feia, fedorenta e verde apareceu. E a bruxa sumiu! Sumiu? Que nada, virou um sapo! E pulou direto na panela. Ela gritava apavorada: - Por favor, tire o caldeirão do fogo. Eu só estava brincando, Menina-Salsa! - Ah, não tava não! Eu já sei que você é uma bruxa! Agora vai ficar aí até cozinhar e morrer. Só não pense que eu vou te comer porque você deve ser velha, dura demais! Vou ver no forno se tem alguma coisa para comer! E, quando abriu o forno, a menina encontrou um belo jovem dentro de uma panela - Olá, gatinho, estou com fome. - Gatinho? Não sou bonito. Sei que sou velho e feio. Velho? Feio? Então olhe seu reflexo nessa água! Pior sou eu, que sou apenas uma menina. - Não, você não é apenas uma menina! Quer ver? E, então, ele mediu a Menina-Salsa na parede e ela viu o quanto tinha crescido. - Quer casar comigo? – ela perguntou. - Mas você é tão bonita e eu tão sem graça. - Eu não acho, acho você bem bonitinho. Então está bem, eu me caso com você. A menina lembrou da bruxa e perguntou baixinho: - Você sabia que eu matei a bruxa? Os dois olharam dentro do caldeirão e o sapo não estava lá. O que tinha lá era um montão de ossos. Ele teve uma idéia. - Vamos cavar um buraco, enterrá-la e sair correndo daqui! A gente não sabe o que pode acontecer. E foi o que fizeram.
Giana Lorenzini
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