Na prática, toda família realiza a educação sexual de suas crianças e jovens, mesmo aquelas que nunca falam abertamente sobre isso. O comportamento dos pais entre si, a relação com os filhos, os tipos de “cuidados” recomendados, as expressões, gestos e proibições que estabelecem, são carregados dos valores associados à sexualidade que a criança e o adolescente apreendem. Os contatos de uma mãe com seu filho despertam nele as primeiras vivências de prazer. Essas experiências, que podem ser, por exemplo, de amor e carinho; de rejeição e agressividade, não são essencialmente biológicas, mas se constituem no acervo psíquico do indivíduo, são os embriões da vida mental do bebê. A sexualidade infantil se desenvolve desde o nascimento e segue se manifestando de forma diferente em cada momento da infância. É nessa história que o sujeito se forma e cresce constituindo características que se expressam em suas fantasias e práticas sexuais. Assim, do mesmo modo que a inteligência, a sexualidade é construída a partir das possibilidades individuais e de sua interação com o meio e a cultura. Os primeiros conceitos sobre sexualidade infantil datam do início do século XX, mas são pouco conhecidos por parte de profissionais que se ocupam de crianças, inclusive educadores. Ainda convivemos com a idéia de que as crianças são “puras”, “inocentes” e assexuadas. As manifestações da sexualidade infantil são atribuídas à má influência dos adultos e possuem a conotação de algo feio, sujo e pecaminoso. No entanto, pelo menos desde os estudos de Freud, sabe-se da existência e da importância da sexualidade para o desenvolvimento de crianças e jovens. Uma discussão atual, nos meios educacionais, diz respeito às modificações que a intensa exposição da sexualidade na mídia estaria provocando no comportamento das crianças, abreviando e erotizando a infância, com o surgimento precoce de manifestações de sexualidade. Algumas dessas questões têm sido debatidas entre teóricos que tentam, ainda de forma incipiente, averiguar as possíveis alterações no comportamento infantil. Na adolescência, a sexualidade manifesta-se de forma muito intensa: as mudanças físicas incluem alterações hormonais que, muitas vezes, provocam estados de excitação difíceis de serem controlados e intensifica-se a masturbação. É a fase de novas descobertas e novas experimentações: a atração e as fantasias sexuais com pessoas do mesmo sexo e do sexo oposto fazem parte delas. Os vínculos afetivos se criam e se desfazem com intensidade e rapidez entre os adolescentes, e o “ficar” é um exemplo disso. De
modo geral, no
mundo ocidental, a intensidade das experiências amorosas e as
expressões da sexualidade são aspectos centrais na vida
dos adolescentes. A sensualidade está presente nos seus
movimentos e gestos, nas roupas que usam, na música que produzem
e consomem, na produção gráfica e nas diferentes
expressões artísticas.
Texto original: Yara Sayão e Silvio Duarte Bock Edição: Equipe EducaRede |