Educação


Jornal - "Missão Jovem"

Na sociedade moderna ocidental, quem não produz, quem não domina os avanços da tecnologia logo é excluído e taxado de ignorante e inútil. E se tiver idade avançada, o seu destino final é o "asilo dos velhos", ou, para atenuar um pouco o sentido pejorativo da palavra "velho", chamam-se estes logradouros de "lar dos idosos". O artigo que apresentamos, de autoria de Pe. Toninho - PIME, por 19 anos missionário na Costa de Marfim - África, nos ajudará a abrir nossos horizontes para a reflexão sobre os idosos, tema proposto pela CF 2003.

O IDOSO É SÁBIO

Diz o poeta Hampaté Bah, do Mali: "Quando morre um africano idoso, é como que se queimasse uma biblioteca". Esta frase exprime bem o valor que tem o idoso na sociedade tradicional africana, que tem uma cultura iletrada. O idoso, com a sua sabedoria adquirida nos seus muitos anos de vida, torna-se o transmissor dos valores da cultura tradicional herdada dos seus antepassados.

Essa aula de cultura tradicional é ilustrada sempre através de contos, provérbios ou lendas que se referem aos acontecimentos vividos nos tempos antigos. Constata-se facilmente que a tradição dos antepassados está muito presente na vida do povo, haja visto que, para o africano, é o passado que dá sentido ao presente. O futuro ainda não existe.

Todas as reuniões em nível de comunidade aldeã (julgamento popular, acolhida de uma delegação de visitantes, funerais, celebração da festa da colheita, danças de regozijo são ocasiões propícias para transmitir aos presentes a cultura tradicional. O palco para essas reuniões da comunidade aldeã é debaixo de uma árvore bem frondosa, geralmente situada no centro da aldeia.



O ENSINO

Prof. Henrique Cunha Jr

A primeira vez que nos preocupamos objetivamente com o aprendizado e o ensino de história africana foi em 1976 quando da organização da "Escola do Camisa" em São Paulo. Éramos militantes dos movimentos negros e resolvemos por as críticas ao sistema educacionais brasileiros numa realização prática, através de um curso de preparação para exames supletivos realizado nas dependências de Escola de Samba Camisa Verde e Branco. Uma das escolas de samba tradicional de São Paulo e que tinha na sua presidência um grupo de "negros velhos" lutadores partidários de projetos que propiciassem condições de vida sadia e cultura à população negra. Nestes cursos introduzimos pela primeira vez uma seção semanal de História Africana que ficou a cargo do Osvaldo Rafael. Eu lecionava a história do Brasil e me pus também a aprender História Africana estudando o material disponível que era pouco e precário na época.
A partir de 1990 retomei a questão do ensino de história africana, agora com melhor informação e reflexão, dentro de uma perspectiva de formação introdutória à educadores da rede pública, militantes dos movimentos negros e lideranças sindicais.
Tendo ensinado por estes anos a Introdução à História Africana, para diversas audiências, com diversas formações, em diversos contextos e regiões e diversos níveis de escolaridade, como para os pós-graduandos em educação ou para participantes de comunidades de bairros periféricos, no momento de redigir esta nota realizei uma reflexão sobre os pontos comuns destas experiências. Conclui que duas atitudes tinham sido comuns a todos os grupos, uma delas era a perplexidade diante da riqueza impensável na sociedade brasileira sobre as sociedades africanas, a outra era a resistência. A resistência em admitir a possibilidade de uma nova verdade, de uma história, como outras histórias, dos africanos e das populações negras através do mundo.
Neste curto texto procuro reunir as principais dificuldades encontradas no processo de ensino e aprendizado da história Africana.



Educação cidadã, Etnia e raça

Educação, cidadania, etnia e raça mantém uma relação complexa. Será uma relação inclusiva? Ela aponta para aspectos mais profundos que envolvem o cotidiano, a pratica e as vivências da população negra e branca do nosso país. Aponta, ainda, para os vínculos entre educação, vista como um processo de desenvolvimento humano, e a educação escolar entendida como espaço sócio cultural e instituição responsável trato pedagógico do conhecimento e da cultura. Assim considerar educação, cidadania, Ética e raça, direciono o meu olhar para escola brasileira e o tratamento que a mesma tem dado a história e a cultura de tradição africana.



           III ciclo
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