A felicidade é feita de pequenas coisas

         Houve um tempo em que da minha janela dava para ver os prédios, onde uma mulher gorda, que quase sempre parava na janela de seu andar, ficava a olhar toda tarde para a rua, que ainda não era asfaltada. Quando passava um carro, a vista ficava embaçada. Dava para ver, no pátio pequeno do prédio, crianças brincando de roda. Só ao ver isso parecia que aliviava os meus pensamentos. E eu me sentia muito feliz.

         Houve um tempo em que da minha janela dava para ver uma laranjeira, que na primavera ficava verde, mostrando que ia florescer. No verão começavam a nascer seus frutos, pequenos frutos. No outono seus frutos já viravam laranjas grandes, saborosas e amarelas. As crianças, que brincavam nas ruas, saboreavam as laranjas, só isso parecia  “limpar” meus pensamentos e eu me sentia completamente feliz.

        Houve um tempo em que da minha janela dava para ver um canteiro com várias cores, com muitas cores: verde, rosa, roxo,laranja... Ali havia uma cachorra que amamentava seus filhotes. Quando   ela olhava para seus filhotes, dava para ver seus olhos brilhando, era como uma mãe carinhosa. Eu via pássaros cantando e borboletas passeando, só por isso parecia que aliviavam meus pensamentos e eu me sentia muito feliz.

       No outono, as folhas secas iam caindo. Eu podia ver pela janela,  ganhar um novo colorido, a natureza se revelava. De todas as janelas que eu olhava sempre me sentia feliz.

      Hoje a minha janela é o meu canto de pensamentos. Muitas pessoas não pensam assim, porque para elas  passar alguns minutos observando, sentindo o que se sente diante de sua janela, é perda de tempo e dizem: “tempo é dinheiro!”.

Sindy Aguirre