20/11/2010 - Formação de professores com
Rualdo Menegat
Rualdo Menegat ministrou uma formação de professores no sábado, dia 20/11,
acerca dos Laboratórios de Inteligência do Ambiente Urbano (LIAU)
existentes em Porto Alegre.
Algumas anotações e reflexões a partir do
encontro com Rualdo Menegat
A
cidade é todo o conjunto de fatias e esferas que ela própria necessita e
utiliza para metabolizar, para manter sua existência. É preciso pensar nas
camadas para baixo do solo que usamos (extração e ocupação), como pensar
também na circulação de gases e bacias atmosféricas.
Entender que estamos todos na mesma cidade é muito difícil, porque
emocionalmente estamos marcados pela história dos avós e pais, marcados
por escapes psicológicos. Processo de sobrevivência cultural é de exclusão
do outro. Não é próprio do 3º mundo, nem da era moderna, é do surgimento
das cidades.
Como não conhecemos o território vizinho, iniciamos um processo de
estranhamento, criamos o outro como monstro. A cidade é um lugar
culturalmente inóspito, que não é possível habitar... Viver em centros
urbanos envolve riscos, porque somos muitos, atinge todos. A cultura
urbana precisa ter consciência disto, ter consciência sobre isto, é
necessário outros processos cognitivos para entender esta “cidade”.
A
cidade é nosso grande fardo (imagem do homem carregando o mundo nas
costas) e se este fardo for pesado demais acabamos com o nosso humanismo.
Quando se vê a gigantesca cidade não se vê o humano e quando vemos o humano
não vemos a mega cidade. A cidade-mundi não está presente no nosso
dia-a-dia.
Desenvolver uma cultura capaz de olhar onde estamos, que enxergue esta
CIDADE, que possa ser mais do que um destino aonde devo chegar... A vida
urbana é muito densa para que tenhamos uma alternativa, uma saída, um
único entendimento. As alternativas são múltiplas: técnicas, políticas,
administrativas, mas principalmente culturais. Alternativas estas que
temos que aprender e ensinar a fazer. Todos somos homo sapiens,
não só os técnicos ou os professores....é preciso trabalhar mais com o
processo dedutivo nas escolas.
O LIAU surge como espaço de produção do próprio material, trabalha com uma
visão antropológica da comunidade, protagonismo, centro de memória dos
alunos na escola, consciência geracional (somos um pouco aquela “turma”
que atravessou o tempo).
Quando nos distanciamos enxergamos mais... Para mim o encontro com Rualdo
lembrou o quanto é ingênua e inconsistente qualquer ação na escola que
seja curta, de uma resposta, com um olhar, que organize antes de fluir,
sem vizinhos, que não envolva parcerias, que não saia deste espaço murado,
que não se mova porque “sempre foi assim”... Pensar em grupo... incluir
palavras como TODOS, CULTURAS, HUMANOS, MEMÓRIA na preocupação diária de
planejamento, trabalhando em rede, especialmente no pensamento... Este é
nosso desafio.
Texto: professora Márcia Moraes