HISTÓRIA DAS MISSÕES
Entre
os séculos XVI e XVIII, desencadearam-se profundas transformações mundiais decorrentes
da transição do sistema feudal para o capitalista. Inseridas
às principais mudanças dessa época, destacavam-se o desenvolvimento do comércio
ultramarino e a colonização de novas terras. Do
comércio ultramarino, resultaram a descoberta, a conquista e a colonização de novas
terras, seguindo os interesses das nações dominantes. Na
etapa de colonização, as nações católicas, como Portugal e Espanha, valeram-se da
ação dos Padres Jesuítas no seu intento de pacificar e
converter os selvagens à fé cristã, para facilitar o domínio ultramarino dos
metropolitanos. As Missões
Jesuíticas representaram uma das formas de colonização na América, com a dupla
função de assegurar territórios conquistados e catequizar os povos nativos. Para tanto
foi fundada a Província Jesuítica do Paraguai, estruturando maneiras peculiares de
apropriação rural e urbana, através de um sistema social cooperativo que desenvolveu-se
durante o século XVII em uma vasta área hoje pertencente ao Brasil, Argentina, Paraguai
e Uruguai. No período de pleno desenvolvimento foi criada uma rede com mais de 30
povoados. A originalidade da cultura guarani,
alicerçada no solidarismo e reciprocidade encontrou
nas inovações técnicas trazidas da Europa,
como a escrita, imprensa, metalurgia, arte e arquitetura barroca, as condições ideais para o grande desenvolvimento alcançado. No
Brasil o trabalho de catequese consistiu em
reunir os índios das tribos guaranis em Missões Reduções. As
primeiras Reduções Jesuíticas do primeiro ciclo instalaram-se às marges do rio
Parapanema. Em meados de 25 anos, foram fundadas mais de 30 Reduções. Na região do
Guairá (hoje região do Paraná), surgiram:Loreto (1610), São Xavier (1622), São José
(1625), Encarnação (1625), São Paulo (1628), São Tomé (1628) e Jesus Maria (1628). Devido
a devastação dos bandeirantes, os índios fugiram para o sul onde os padres Jesuítas
iniciaram a fundação de outras reduções na região de Itatim (hoje Mato Grosso do
Sul), são elas: Anjos (1631), São José (1631), São Benito (1632), Santos Apóstolos
Pedro e Paulo (1633) e Encarnação (1633). Persistindo
os ataques dos bandeirantes, os jesuítas migraram para a região de Missiomes e
Corrientes (hoje território da Argentina). Ali à margem direita do rio Uruguai,
fundaram: Santo Inácio Guaçu (1610), Itapuã (1615),
Conceição (1619), Japeju (1627) e São Xavier (1621). No
Rio Grande do Sul (região do Tape), surgiram 18 reduções que não se estruturaram
devido a não aceitação da nova cultura imposta e pela invasão dos bandeirantes
paulistas. A
primeira redução do segundo ciclo missioneiro foi São Francisco de São Borja, por isso
afirmar-se que São Borja é a cidade mais antiga do Rio Grande do Sul (1682), em seguida
São Nicolau (1687), São Luiz Gonzaga (1687), São Miguel Arcanjo (1687), São João
Batista (1697), Santo Ângelo Custódio (1706); estes são chamados os Sete Povos das
Missões, que hoje integram o território do Rio Grande do Sul. Essas
Reduções permanecem por mais ou menos um século e meio, entre fundação e
reassentamento, tornando-se independentes e auto-suficientes. Sua decadência se deu,
entre outros fatores pelo Tratado de Madri Em
pé permanece, além dos resquícios de pedra, a lição de cooperativismo e adaptação
deixada pelos índios Guarani que, apesar de terem sido massacrados pela Guerra Guaranítica, nos deixam uma lição
de vida e luta, provando a sua condição de dono da terra. Vencidos,
espoliados e despojados de suas terras. Os guaranis foram reduzidos a pequenos grupos
errantes que atualmente sobrevivem da confecção e venda de artesanato. Alguns estão em
reservas, onde lutam para manter suas tradições e pela manutenção da posse das terras
e a preservação da natureza. No
período das disputas pelo território das Missões, que a partir de 1801, foi conquistado
para o Brasil, as reduções foram saqueadas inúmeras vezes, e a partir de 1825, com a
chegada dos imigrantes, grande parte do material foi reutilizado em construções
públicas e privadas, acelerando o processo de destruição das antigas edificações. |
Em
suma os jesuítas vieram para a América para catequizar os índios. Nas
reduções do Guairá destaca-se o trabalho dos padres José Cataldino e Simão Masseta,
como pioneiros, Martim Urtasum, Cristóbal de Mendoza, Francisco de Diaz Taño e Antonio
Ruiz de Montoya como difusores da obra reducional. Montoya constitui-se no grande defensor
dos índios missioneiros defendendo-os nas cortes e conduzindo-os para um espaço novo
quando dos ataques destrutivos dos bandeirantes. Na
obra missioneira do atual Rio Grande do Sul, houve resistência e em 1628 uma sublevação
de índios do Carão levou o P Roque, O P. Rodrigues e o P. Castilhos ao martírio. Muitos
jesuítas eram arquitetos como João Batista Primoli e Antonio Grimau. A igreja de São
Miguel, foi projetada por Primoli. Antonio Forcada, e Juan Antonio de laR ibera,
responsáveis pelas obras mais imponentes. Outro nome importante foi o padre Antonio Sepp
Von Rechegg. Fundador de São Miguel em 1697. Os padres eram encarregados da
administração em conjunto com os caciques bem como da educação e evangelização dos
índios.
MISSÃO Como
Missão, entende-se o encargo religioso que foi conferido pelo rei da Espanha, aos padres
jesuítas, como forma de facilitar a conquista dos nativos no acesso às novas terras. Podemos
resumir a missão como o trabalho dos padres jesuítas em organizar as Reduções e de
conversão dos gentios (trabalho de catequização). A aldeia cristã foi o espaço
físico para a implantação da Missão. A aldeia é um projeto pedagógico total. REDUÇÃO
A
palavra Redução sintetiza o preceito de reduzir, delimitar o espaço físico para
aculturar os indíginas. Pretendia-se
introduzir nos nativos a forma de sociedade européia, reunindo-os em aldeias. Essas
aldeias eram escolhidas por índios e missionários e estes locais deveriam possuir terras
férteis, água em abundância e outros recursos que facilitassem a construção de casa e
templos; deviam também ter fácil acesso e localizar-se 20 ou 30 Km de distância entre
si.Formavam uma vila organizada com estrutura urbana como será visto neste trabalho. A
Redução foi a maneira, método de empreender a Missão por Redução que é
o projeto global de catequização espanhola. Debelado
o período bandeirante, as Reduções passam a vivenciar um crescimento constante, tanto
de ordem econômica como demográfica. Os jesuítas passam a instruir os guaranis no
sentido de viverem neste espaço urbano. TRATADO
DE MADRI As
missões jesuíticas, em especial os Sete Povos, tiveram a sua sorte determinada pelos
conflitos de fronteira entre Portugal e Espanha. O tratado de Madri, firmado em 13 de
janeiro de 1750, previa a troca de Colônia do Sacramento pelos Sete Povos das Missões. A
divisa foi marcada ao longo do rio Paraná e Uruguai, entrando depois pelo Ibicuí até
atingir Castilhos Grandes, hoje território uruguaio. Ficou
estabelecido então que os habitantes dos Sete Povos (índios guarani) seriam levados para
o lado espanhol (Argentina e Paraguai), na outra margem do rio Uruguai, deixando para os
portugueses tudo o que tinham nas Reduções(estâncias, ranchos, plantações de
erva-mate...). Os índios resistiram, iniciam-se os conflitos. GUERRA
GUARANÍTICA Esta
guerra foi a conseqüência do Tratado de
Madri. A partir de 1753 uma série de conflitos que culminaram com a batalha de Caiboaté,
a 10 de fevereiro de 1756. Os jesuítas se retiraram dos Sete Povos enquanto alguns
índios persistiram na resistência. Para
Pombal a provocada Guerra Guaranítica serviu como um dos pretextos para expulsão dos
jesuítas das possessões portuguesas, em 1759, uma vez que eram tidos como inimigos de
Portugal. Espanha os expulsa em 1768. A
partir de então os Sete Povos e os Trinta Povos, perderam os seus tutores principais e
caíram em estado de relativo abandono. |