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POESIAS
NAS HORAS VAGAS
OU
VAGAS POESIAS, ORA!
(Poeminha para iniciantes) Para com ela te inscreveres Seres, saberes Escrever não é só registrar palavras, É soltar-se das amarras De um corpo, de uma voz, de um gesto É deixar cair de si O que de maduro pende. Há letra que salta Some e assalta, Rouba a cena Do discurso bem acabado E também improvisado Portanto... Não a prenda Não a maltrate Nem siga-a por toda a parte Deixe que ela venha Apareça Faça arte Pois... A letra é solta A letra é dessas... Animada só Pelo teu desejo MIRAGEM I Eu não sou esta face O teu ser ultrapassa essa miragem Não caias no encanto deste olhar! A tua saída é o meu verso. (vide) LA MADRE Não há como as mães de maio Mães que perderam seus filhos na lei dita dura E se perderam da vida Foras-da-lei choram para que se ouçam as vozes silenciadas E as delas, para sempre, perdidas Vivendo mortas os filhos que não puderam velar. Ávida de sonhos Diva que se põe ao divã Para divagar sobre os homens De vagar em vagar Faz dos seres Os viajantes Errantes Dos seus universos Flutuantes Não só com cavalos feitos de madeira Brincaste de cavaleiro Nem foi em vão que levantaste o que te parecia uma espada Para defender quem supunhas ser a bem amada Ao final do conto A donzela não era de brincadeira O TEMPO RÉ-LÓGICO Agora é sempre O que se renova Hoje e ontem No amanhã Que já chegou Atrasado MANIQUEÍSTA Dormi muito pouco Fiquei noite dia Acordada sonhando Está clara a confusão Vi corajosamente o medo de viver a morte ME DEIXE que preceda meu amar Me deixe... O que é delicado Sempre acaba quebrado Me deixe... A ausência da tua esperança A vontade de te ver Saudade Não podes completar o que de natureza A falta se preenche Cala-te para que só eu possa dizer De mim O que não sou Sem que tu me deixes... CARINHO Eta palavra bonitinha Pra lá de boa Fofinha Me dá um pouco Só um pouquinho De ti Preu deitá gostoso E dormir um belo Soninho O SER O ser na mãe Dorme indefeso O ser no ventre Palpita a espera... O ser da mãe Regurgita O ser dá vida Se agita, desespera O ser para ser Se transforma Se forma No transe De ser no ser Do seu filho Antes de nascer
Ao meu bem viver Só pode ser Bom para o ego Lá minhas qualidades Que, apesar da idade, Enlaça e faz amizade Mas não faz alarde! Márcia Ribeiro
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