CRIANÇA QUE NÃO SE ALIMENTA
TEXTO - 1

Alimentação na Infância

Dra. Ethieiene C. Escobar - Nutricionista

A alimentação da criança precisa ser bem planejada e deve ser estabelecida uma rotina. A primeira atitude é fazer a criança sentir-se segura no ambiente familiar e mostrar-lhe a existência de limites, sem exageros.

O melhor é começar com horários regulares. Sem dúvida a rotina na alimentação é essencial para a formação de hábitos saudáveis. Variar de vez em quando faz bem para e família e para a criança: almoçar fora, trocar o jantar por lanches ou pizzas é prazeroso, mas não deve acontecer com freqüência, porque essas variações acabariam se transformando em rotina.

Elaborar um cardápio de acordo com os hábitos da família e uma lista de compras é uma rotina simples, mas que dará início à formação de bons hábitos alimentares.

O cardápio criado para as crianças além de nutritivo deve ser atraente, e a refeição precisa ser um momento de prazer e de bom relacionamento para toda a família.

A criança pode comer melhor com simples atitudes, que vão desde a escolha dos alimentos até o modo de preparo deles. Algumas dicas podem ajudar a criança a obter hábitos mais saudáveis:

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Cardápios coloridos ajudam a compor a apresentação dos pratos; são ótimos para atrair a atenção e o apetite da criança;

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Sempre que possível inclua nas refeições da criança os alimentos de sua preferência; assim, ela aceitará com mais facilidade os outros;

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Explique à criança a função dos alimentos e por que a dieta deve ser variada e não conter só biscoitos e chocolates; mas não transforme as refeições em monótonas e repetitivas aulas de nutrição;

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Insista com as novidades – nem sempre a criança concorda em comer uma preparação que lhe é oferecida pela primeira vez. Algumas precisam provar o mesmo alimento várias vezes antes de aprová-lo e incluí-lo em seus hábitos alimentares.

Lembre-se sempre: pequenas atitudes podem gerar grandes mudanças.

 

TEXTO - 2

Incentivando as crianças pequenas a comer

Ann Burgess

 

A quantidade que a criança come depende do alimento que lhe é oferecido, de seu apetite e de como a mãe ou outras pessoas que tomam conta dela a alimentam.

Se os pais reclamam que seu filho “se recusa a comer”, passe algum tempo conversando sobre o que podem fazer.

Primeiro, descubra por que a criança não está comendo. Por exemplo, a criança está doente ou infeliz? A criança está com ciúmes de um novo bebê e tentando receber mais atenção? A criança está cansada, quando é alimentada? A comida é condimentada demais ou difícil de comer? A criança tem tempo suficiente para comer? A criança ganha doces, refrigerantes ou outros lanches, fazendo com que ela não tenha fome na hora das refeições?

Depois decida como lidar com o problema. Freqüentemente isto significa passar mais tempo nas refeições incentivando delicadamente a criança a comer.

Abaixo estão algumas sugestões sobre como fazer isto. É muito importante supervisionar a alimentação desde o momento em que a criança começa com os alimentos complementares até à idade de dois a três anos, ou se a criança estiver doente.

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Faça da hora das refeições um momento feliz. Incentive a criança, conversando com ela, dizendo-lhe como a comida é boa e como ela está comendo bem.

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Brinque com ela, para convencê-la a comer. Por exemplo, faça de conta que está dando comida a uma boneca ou a um animal de estimação.

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Não apresse a criança. Ela pode comer um pouco, brincar um pouco e, então, comer novamente. Ofereça algumas colheradas mais no final da refeição.

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Alimente-a com o resto da família, mas dê à criança seu próprio prato, para que ela receba sua porção de comida.

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Corte os alimentos em pedaços que a criança possa segurar e dê-lhe uma colher para os alimentos macios. As crianças pequenas gostam de se alimentar a si mesmas, mas fazem muita sujeira ao comer. A pessoa que toma conta dela deve assegurar-se de que a comida chegue à sua boca no final.

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Dê uma variedade de bons alimentos de que a criança goste. Evite alimentos salgados ou condimentados.

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Se a criança gosta de separar e comer só seus alimentos favoritos, misture-os todos.

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Assegure-se de que a criança não esteja com sede. As crianças que estão com sede comem menos. Mas não encha o seu estômago com muito líquido antes ou durante a refeição.

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Alimente a criança, quando ela estiver com fome. Não espere que ela esteja cansada demais para comer.

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Nunca a force a comer. Isto aumenta a tensão e diminui o apetite. Se a criança recusar a comida, leve-a embora e ofereça-a mais tarde. Uma criança pode realmente detestar um alimento em particular. Desde que ela esteja comendo uma variedade de outros alimentos, não a force a comer.

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Dê amor e atenção especial, se a criança estiver infeliz.

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Faça com que a criança esteja limpa e confortável antes de comer. Por exemplo, limpe sua boca e seu nariz.

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Dê pequenas refeições que sejam fáceis de comer e de que a criança goste.

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Alimente-a com mais freqüência – talvez a cada duas horas.

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Dê-lhe bastante líquido para beber, principalmente se a criança tiver diarréia ou febre.

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Alimente-a no colo da pessoa favorita que toma conta dela e delicadamente incentive-a a comer.

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Depois que a criança se recupera, ela continua a necessitar de supervisão com amor, para assegurar que esteja comendo mais e recuperando o peso perdido.

 

Baseado em informações de Child Health Dialogue, Edição 9 1997, Complementary Feeding: family foods for breast-fed children (OMS 2000) e Nutrition for Developing Countries (Oxford University Press 1992). Ann Burgess é consultora de nutrição, com muitos anos de experiência na África Oriental. E-mail: annburgess@sol.co.uk

 

TEXTO - 3

Forçar a comer tudo pode prejudicar controle das crianças sobre a comida

Estudo americano sugere que obrigá-las a limpar o prato na hora da refeição é prejudicial para o desenvolvimento do autocontrole com os alimentos - Ana Paula Pontes

Você deseja que seu filho limpe o prato na hora das refeições? Vá com calma. Um estudo realizado pela Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, com crianças em idade pré-escolar, sugere que aquelas que são forçadas a comer toda a comida colocada pelos pais podem não ter controle com a comida, além de optar por alimentos nada saudáveis.

Para os cientistas, essa prática dos pais pode interferir no desenvolvimento do autocontrole das crianças com os alimentos, justamente numa fase em que estão formando hábitos que vão carregar para o futuro.

Segundo Sandra Leal Calais, psicóloga infantil da Unesp de Bauru (Universidade Estadual de São Paulo), o comportamento alimentar é algo que os pais passam aos filhos, e as regras que eles estabelecem na infância para a criança fica como um valor. “Ela pode achar que deve comer o pacote de bolacha todo de uma vez porque não pode sobrar”, diz Sandra.

Sim, você deve ensiná-la a não desperdiçar a comida, mas isso não quer dizer que é preciso forçá-la a comer tudo o que você colocou no prato. “Na ansiedade de que o filho se alimente bem, os pais colocam uma quantidade além do necessário”, diz Nelly Aparecida Yoneyama Fortunato, nutricionista do Hospital São Luiz (SP).

O que fazer então? Equilíbrio e bom senso. Em primeiro lugar, nunca use o alimento como premiação ou negociação. Sabe aquela história de, ‘se você não comer tudo, não vai passear´? Esqueça. “Essa atitude gera um trauma na criança, que sabe que vai ter de dar conta do prato. E, como quer passar logo para outra atividade [um passeio ou uma brincadeira], ela enxerga a alimentação como um peso”, afirma Ana Merzel, psicóloga do Hospital Albert Einstein (SP).

A medida:

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Se você tem dúvida do quanto e o quê o seu filho deve comer, converse com o pediatra da criança. Comer além do necessário faz com que o estômago acostume a receber muita comida, o que pode contribuir para o sobrepeso. “É importante que o pediatra mostre para os pais que, por mais que o filho deles seja magro, ele está saudável”, diz Ana.

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Algumas dicas para evitar grandes quantias são fracionar as refeições e pedir para o seu filho ajudar a montar o prato. A elaboração da refeição, dosando os carboidratos, legumes e verduras, fica por sua conta, mas a quantidade pode ser sugerida pela criança.

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Lembre-se também que o seu filho passa por fases. Há épocas em que ele come melhor e não gosta de determinados alimentos. Isso não quer dizer que você deva desistir de oferecer a ele um legume que rejeitou. Dê à criança a possibilidade de experimentar aquela comida em outro momento.

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Agora, se chegou num ponto do almoço e do jantar e seu filho não quis mais comer, incentive-o, mas não force. “Tente uma duas vezes. Só não substitua por outros alimentos. Na próxima refeição ele deve ter mais fome”, afirma Nelly.

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É importante ainda que você reserve ao menos uma refeição no dia para fazer ao lado do seu filho, e, sempre que possível, envolva-o no preparo ou na compra dos alimentos.

 

TEXTO - 4

O papel dos jardins-de-infância nos hábitos alimentares das crianças e a prevenção através da alimentação.

A Direção Geral da Saúde disponibiliza o "Manual para uma Alimentação Saudável em Jardins de Infância". Destina-se aos educadores de infância e ao pessoal diretamente envolvido na preparação e fornecimento de alimentação às crianças.

Este manual contém informação básica sobre alimentação saudável da criança em idade pré-escolar, designadamente:

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Importância da educação alimentar e seus objetivos;

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Alimentação e nutrição;

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Grupos dos alimentos;

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Necessidades nutricionais da criança em idade pré-escolar;

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Distribuição das refeições;

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Regras de higiene na preparação das refeições.

Para além de uma necessidade fundamental, a alimentação é um dos fatores do ambiente que mais afetam a saúde. Já não basta ter acesso a bens alimentares. É necessário "saber comer" - saber escolher os alimentos de forma e em quantidades adequadas às necessidades diárias, ao longo de diferentes fases da vida.

Se, por um lado, muitos dos nossos hábitos alimentares são condicionados desde os primeiros anos de vida, por outro, uma alimentação saudável durante a infância é essencial para um normal desenvolvimento e crescimento, bem como na prevenção de problemas de saúde ligados à alimentação.

O papel da família na alimentação e na educação alimentar das crianças e jovens é inquestionável, mas a escola, e em especial o jardim-de-infância, assume uma particular importância. 

Pode consultar o "Manual para uma Alimentação Saudável em Jardins de Infância" (Adobe Acrobat - 2.468 Kb). 

Para saber mais, consulte:

Direção Geral da Saúde - http://www.dgs.pt