CIÚMES
TEXTO - 1

Mais um bebê

Ciúmes do irmãozinho

A chegada de mais um membro na família pode deixar o irmãozinho mais velho inseguro, aguçando o ciúme. Antes, o mundo era só da criança maior, agora terá que ser dividido com um “novo intruso”, principalmente em relação à atenção dos pais.

A sensação de estar excluído é comum e esse sentimento pode causar uma contradição dentro da criança, que associa a chegada do bebê com a perda do posto de "rei da casa" e ao mesmo tempo deseja ser sua amiga.

A demonstração do ciúme pode variar de criança para criança. Algumas ficam desobedientes com choros e birras, outras se tornam agressivas com os pais ou com o irmãozinho mais novo. Tem também aqueles que regridem no comportamento, voltando a usar chupeta ou mamadeira e não controlando mais o xixi e cocô. Para completar a histeria, alguns “abandonados” voltam a falar infantilmente.

Essas são condutas que têm o único objetivo de chamar a atenção dos pais, tios e avós. É importante que os pais tenham paciência, pois o ciúme é uma reação emocional normal e tem que ser resolvido com muito diálogo e compreensão.

Mas o ciúme não é tão ruim como se pensa. A chegada do irmãozinho criará limites para o mais velho que aprenderá a viver em sociedade e desenvolverá de forma positiva seu relacionamento afetivo e social.

Para que o ciúme não se torne um sofrimento para a criança mais velha, a vinda do irmãozinho tem que ser esclarecida desde o começo da gravidez, dizendo que um nenê vai chegar e precisa de um espaço para dormir como ele, de roupas para não sentir frio, se alimentar no peito da mamãe como ele também fez e vai chorar muito, só podendo brincar depois que crescer, mas que poderá ajudar nos cuidados com o irmãozinho.

Alterações na rotina da criança maior, como ir para a escolinha ou mudança de quarto ou de quem cuidará dela, deverão ser feitas bem antes do nascimento ou depois da adaptação com o bebê. Assim as perdas não serão associadas com a chegada do irmãozinho.

Ao nascimento, não se descuide daquele que, até o momento, ocupava todos os espaços. Eleve a auto-estima da criança, potencialize suas qualidades e as vantagens de ser o mais velho. Atribuir-lhe responsabilidades sobre o irmão também ajuda na integração, já que se sente útil.

Assim que se sentir segura do amor dos pais, valorizada e integrada no novo ambiente familiar, o ciúme diminuirá e a aceitação do irmãozinho será natural. Os pais têm que demonstrar interesse pelas atitudes dos filhos. O diálogo é a melhor maneira de fazer a criança manifestar e entender as suas emoções, sentindo-se amada e respeitada tanto pelos pais quanto pelo irmãozinho.

 

TEXTO - 2

O ciúme entre os filhos

 João e Helena se casaram há cinco anos. João é advogado e Helena estudou Filosofia e Letras. João trabalha em uma multinacional e Helena dá aulas de Filosofia em um Instituto. No ano que se casaram tiveram seu primeiro filho: Luís, que agora tem quatro anos.

Luís sempre foi uma criança muito esperta. Começou a falar muito cedo e seu nível de vocabulário surpreende para uma criança de sua idade. É aberto e comunicativo e por ser o primeiro filho e também o primeiro neto por ambas partes, foi o centro da família durante algum tempo.

Há nove meses João e Helena tiveram seu segundo filho: José. José nasceu abaixo do peso e teve que permanecer seu primeiro mês na incubadora. Durante esse mês sua mãe passava quase todo o dia na clínica para poder ver-lhe e quando pôde trazê-lo para casa teve que prestar-lhe uma atenção especial. Durante esse mês Luís esteve aos cuidados de seus avós maternos.

A reação de Luís ante seu novo irmão foi boa. Não parecia ter ciúmes, ainda que tampouco lhe prestasse muita atenção, já que o pequeno passava a maior parte do dia dormindo. Todavia, há dois meses Luís começou a portar-se de forma estranha. Voltou a fazer xixi na cama, apesar de que desde os dois anos não mais o fazia, e chupava o dedo constantemente. Com seu irmão às vezes é muito carinhoso mas observamos que lhe belisca as mãos quando não olhamos e lhe fez alguns arranhões.

Luís, que sempre foi dorminhoco, agora tem freqüentes pesadelos. Ficou mais desobediente, em especial quando recebem visitas dos avós ou outras pessoas alheias à família. Comporta-se mal e com freqüência acaba sendo castigado com uma bronca. Seus pais já não sabem o que fazer. Apesar de chamarem sua atenção e lhe castigarem, não vêem resultado.

É possível que tenha ciúmes?

A situação que acabamos de examinar, é um caso típico de ciúmes entre irmãos. Os ciúmes constitui uma reação emocional que se caracteriza por um sentimento de inveja e ressentimento generalizado para a pessoa que se considera como rival.

Os ciúmes aparecem especialmente por volta dos 4 anos. Nesta idade a criança começa a perceber os "outros" como rivais. É possível que os ciúmes apareçam antes na vida da criança, mas é especialmente nesta idade quando toma forma e cria situações importantes e às vezes duradouras.

A criança ciumenta costuma mostrar uma série de condutas características. Por exemplo:

- Costumam aparecer condutas regressivas como voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, não querer comer sozinho, utilizar uma linguagem ou tom de voz infantil. Através destas condutas pretende chamar a atenção das pessoas cujo afeto teme ter perdido.

- Com freqüência mostra-se irritado, nervoso e agressivo. Esta agressividade invejosa costuma manifestar-se na obstinação, como oposição sistemática. Se trata do conhecido "diga você que eu me oponho". Esta constitui sua grande arma para atrair a atenção dos adultos e para obrigar-lhes a tê-lo em conta.

- Seus sentimentos para com o novo irmão são freqüentemente contraditórios, uma mistura de amor e ódio: por um lado lhe quer bem mas por outro experimenta uma grande agressividade por ele.

- Esta agressividade pode aparecer de forma mais ou menos dissimulada: às vezes a criança ignora o irmão ou nega sua presença. Em outras ocasiões pode mostrar condutas ou muito hostis e agressivas ou muito carinhosas por seu rival: como, por exemplo, quando lhe abraça até machucar. Em algumas ocasiões a agressividade se dirige de forma indireta para a mãe: a criança, por exemplo, aproveita um descuido da mãe para esparramar toda a pasta de dente no tapete, se dedica a esculpir a comida, ou outras "lindezas" parecidas.

Outras crianças manifestam seus ciúmes fazendo uma contínua referência a seu irmãozinho. Quando vêem um cachorro dizem que o irmãozinho quer um cachorro e quando vê a seus amigos de bicicleta, dizem que seu irmãozinho também tem uma bicicleta.

As vezes os pais pensam que seu filho não tem ciúmes e que quer muito bem ao recém-nascido. Entretanto, os ciúmes podem se manifestar de formas mais dissimuladas. Algumas crianças passam meses sem sentir ciúmes e de repente despertam quando seu irmão é maior e começa a ser mais gracioso, ou quando este começa a lhe tirar os jogos.

Por que surgem os ciúmes?

Na família, a rivalidade entre os irmãos para conseguir o carinho e a atenção dos pais é a causa mais freqüente dos ciúmes. O nascimento de um novo irmãozinho costuma ser a causa mais freqüente.

Diante do nascimento de um novo irmãozinho a criança sente que o mundo inteiro parece mover seu centro para outro ponto que já não é ele. Começa a acreditar que não lhe querem ou que lhe abandonaram, o que freqüentemente gera nela sentimentos de culpabilidade e baixa auto-estima. Esta culpabilidade se vê incrementada pelos sentimentos hostis que experimenta por seu irmão recém-nascido, que ele é consciente de que não são bons.

Nesta situação, a criança necessita ser duplamente querida e cuidada. Entretanto freqüentemente os pais não são conscientes desta necessidade e tanto pais como familiares se maravilham das perfeições do recém-nascido esquecendo o mais velho e relegando-o ao lugar do "príncipe destronado". Isto faz com que a criança se ressinta e manifeste este ressentimento através das condutas antes mencionadas.

Os ciúmes também podem dar-se de um irmão menor para seu irmão maior. Isto ocorre com frequência quando o menor vê em seu irmão um "teto impossível de rebaixar". Quando o vê como um rival que sempre faz tudo melhor que ele.

Deste modo podem aparecer ciúmes quando o menor observa que seu irmão goza de certos "privilégios" que a ele lhe negam. Ante essa situação, o pequeno pode agarrar-se ainda mais à sua mãe e comportar-se como se não quisesse crescer, ou melhor, pelo contrário, proceder de forma agressiva e invejosa e manifestar uma atitude constante ao longo de sua vida de tentar superar aos demais.

Os favoritismos e preferências que os pais manifestam, freqüentemente de forma inconsciente, por um dos filhos pode dar origem a sentimentos de ciúmes nos outros irmãos. Do mesmo modo que, o incentivar a competição excessiva entre os irmãos pode favorecer a aparição de ciúmes.

Do mesmo modo, a dependência ou necessidade excessiva de um dos pais, normalmente a mãe, pode originar sentimentos de ciúmes pelo outro progenitor que é considerado como um rival. Este tipo de ciúmes costuma aparecer naqueles casos de mães excessivamente protetoras, que não deixam a criança desenvolver sua autonomia.

Finalmente, a origem dos ciúmes pode, em alguns casos, situar-se nos sentimentos de insegurança e inadaptação da criança. Estes sentimentos de insegurança costumam ser conseqüência de ter se sentido recusado ou ridicularizado na infância ou de uma educação excessivamente negativa baseada no repúdio e na crítica severa por parte dos pais.

O que podíamos ter feito que não fizemos para evitá-los?

A "inveja infantil" é um perigo que não pode ser evitado completamente nas famílias. Representa um estado relativamente normal no desenvolvimento da criança. Quando esta crise, normal no processo evolutivo, for superada, a criança volta a sentir-se tranqüila e avança em seu processo pessoal de maturidade.

Entretanto em alguns casos podem constituir um traço permanente e especialmente intenso na evolução da criança cujo caso pode ser sintomático de problemas emocionais mais complexos e requerer um tratamento especial.

Em qualquer caso, os pais podemos tomar uma série de medidas para facilitar a passagem de nossos filhos por esta etapa e sua superação sem que fiquem seqüelas permanentes na personalidade da criança. Por isso, vale a pena fazer todos os esforços necessários para evitá-los ou, ao menos, diminuir seus efeitos.

Por exemplo, ante o nascimento de um novo irmão, é importante preparar a chegada do bebê. É conveniente que a criança saiba com antecipação que está a ponto de ter um irmão e ir acostumando-o à idéia. Deste modo, a chegada do novo irmão deve acarretar as menores alterações possíveis na vida da criança. Não é o momento de mudar-lhe de quarto, nem de que ceda seu berço ao irmãozinho, nem tampouco de que ingresse na escola infantil. Se estas mudanças forem necessárias convém que as previna e as leve a cabo muito antes de que o bebê nasça.

Por outro lado, é importante que a criança não se sinta "abandonada" durante o tempo que a mãe está na maternidade. Convém explicar-lhe com antecipação que sua mãe terá que ausentar-se por alguns dias e dar-lhe a segurança de sentir-se atendido e querido.

A volta da mãe com o recém-nascido constitui também um momento importante. Geralmente chega em casa carregada (todos sabemos "a quantidade de apetrechos" que acompanham um recém-nascido), esgotada e preocupada; e se a criança maior "entra no meio" muitas vezes recebe o primeiro grito "por causa de seu irmão". Não é um bom começo.

Pode ser aconselhável que a criança maior não esteja presente nesse momento em que toda a atenção gira em torno da chegada do irmão. Seria mais oportuno trazer a criança algumas horas mais tarde quando o bebê já foi acomodado e a mãe estiver mais descansada. Neste momento deve demonstrar-lhe fisicamente seu afeto, pegando-lhe nos braços e abraçando-lhe.

Também é aconselhável fazer com que o irmão mais velho participe dos cuidados com o recém-nascido. Desta forma sentirá que este lhe pertence. Não lhe distancie constantemente do bebê por medo que o machuque. Se você repete isso constantemente, só estará dando-lhe "idéias". Deixe-lhe que a ajude, que lhe pegue em seus braços, mas com naturalidade, sem impô-lo.

Evite dar importância demasiada ao recém-nascido e falar todo o tempo dele. Procure, se possível, dar-lhe a refeição e banho quando o maior estiver ausente ou já estiver dormindo e reserve os mimos ao pequeno para quando o maior não possa vê-los. Tampouco se esconda se vai dar-lhe de mamar no peito, senão a criança o viverá como algo proibido. Se tem que dar-lhe o peito quando o maior está presente, chame-o e peça-lhe que se sente a seu lado porque vai contar-lhe uma história. Desta forma seu filho perceberá que está atendendo a ele e não apenas a seu irmão.

Do mesmo modo o pai deve prestar especial atenção e carinho a criança neste momento e "cuidado" com as visitas, que ficam extasiadas frente ao pequeno, e com os presentes para o recém-nascido. Em alguns casos pode ser aconselhável ter em casa pequenas guloseimas para dar ao filho mais velho quando as visitas trazem um presente para o seu irmãozinho.

O que é que ainda estamos a tempo de fazer?

Se aparecem os ciúmes, deve-se ao menos ter claro o que não se deve fazer: deve evitar as medidas de castigo ou o brigar com ele e aborrecer-se por este motivo, pois não conseguiria senão confirmar à criança seus medos e ansiedades de que por culpa de seu rival perdeu seu carinho. Em todo caso, a única coisa que conseguirá através do castigo será que a criança não manifeste seus ciúmes. Mas o ciúmes reprimido será mais forte e prejudicial para a criança do que se tivesse podido exteriorizá-los.

Isto não quer dizer que você deve permitir que através de suas impaciências, aborrecimentos, ou outras manifestações de ciúmes, consiga toda a atenção e dedicação dos adultos. Se o faz terá alcançado seu objetivo e persistirá nesta atitude.

Deste modo, um erro freqüente dos pais é aproveitar o nascimento de um novo irmão para distanciar o mais velho levando-lhe a uma escola infantil, ou confiar-lhe aos cuidados de pessoas estranhas à família. Se estas mudanças são necessárias deverá prevê-las e levá-las a cabo algum tempo antes do nascimento do novo irmão.

Em linha gerais, a melhor forma de proceder consiste em que você não dê, ao menos em aparência, a menor importância às manifestações de ciúmes e pelo contrário preste mais atenção à criança e lhe faça sentir seu carinho em todos os momentos que for possível.

Seu filho necessita sentir-se querido e necessita que você o demonstre fisicamente, com beijos e apertões. É importante que a criança receba suas manifestações de carinho na presença de seu irmão menor.

Quando ver seu filho dirigir-se para seu irmãozinho com um gesto significativo e algum objeto perigoso entre suas mãos, em lugar de gritar peque-o nos braços e apodere-se do objeto, mostrando-lhe carinho e dando-lhe a impressão de que pegou-o não para impedir uma má ação mas para mimar-lhe e para brincar.

Passado um tempo, quando a criança está alegre e tranqüila, diga-lhe, em particular e em um momento de especial confiança e com delicadeza que compreende seus sentimentos e que deve ficar tranqüilo pois papai e mamãe lhe querem tanto como antes e não vai perder vosso CARINHO.

Se seu filho aproveita um descuido para esvaziar a pasta de dentes pela almofada, procure controlar sua raiva. Espere que passe um tempo para mostrar-lhe que o que fez está errado e de que está segura de que ele não voltará a repeti-lo.

Se ele começa a cuspir a comida, arme-se de paciência e simplesmente retire o prato, mas sem que veja que se importa muito. Se for capaz de rir, melhor.

É especialmente efetivo buscar situações em que a criança possa passá-la bem junto a seu irmão. Por exemplo, que um dos dois, a mãe ou o pai, brinquem com as duas crianças ao mesmo tempo. De forma que quando a criança vê seu irmãozinho lembre como passaram bem juntos com seus pais em lugar de percebê-lo como um rival que lhe tira vosso carinho.

Quando já forem maiorzinhos é aconselhável procurar situações em que os irmãos possam "fazer equipe" e tentar ganhar de papai no futebol ou de mamãe na torrinha.

Por outro lado, dado que o ciúmes freqüentemente é conseqüência de sentimentos de insegurança e inadaptação, deverá colocar especial cuidado em reforçar a auto-estima de seu filho, em valorizar-lhe positivamente.

Terá que ajudar-lhe a ter uma imagem positiva de si mesmo, elogiando-lhe e prestando especial atenção àquilo que faz bem. Interesse-se por seus pequenos êxitos, proponha metas que seja capaz de alcançar, e reforce-lhe especialmente por aqueles êxitos dos quais é capaz e seu irmão todavia não.

Dê a seu filho mais velho alguns "privilégios" pelo fato de ser maior:

- deitar um pouco mais tarde;
- ir com papai e mamãe a lugares que seu irmão não pode ir;
- facilitar-lhe uma caixa onde possa guardar seu jogos sem que seu irmão os pegue ...

Finalmente, deve evitar os favoritismos e comparações entre os irmãos. A cada filho deve aceitá-lo como é, menino ou menina, inteligente ou desajeitado ... Quando os pais fazem comparações entre os irmãos podem provocar na criança fortes sentimentos e ressentimentos por seus pais e irmãos.

Em geral, quanto mais afetuosos se mostram os pais com seus filhos, menos perigo correm de que se tornem ciumentos. Se todas as crianças da família estão satisfeitas pelo afeto que seus pais lhe dão, não terão a inclinação a sentir ciúmes de seus irmãos.

Por outro lado, é melhor que os pais não tomem parte nas pequenas brigas entre os irmãos. Se intervém, deve ser para deter a briga mas sem tentar buscar culpados nem tomar partido.

Em alguns casos não se podem encontrar as causas dos ciúmes e cabe suspeitar que se devem a problemas pessoais mais complexos e profundos. Nestes casos devemos recorrer a um psicólogo profissional para um estudo mais profundo dos sentimentos da criança.

Do livro "Como resolver situações cotidianas de seus filhos de 0 a 6 anos"

TERESA ARTOLA GONZÁLEZ é Doutora em Psicologia pela Universidade Complutense de Madri. Desenvolveu um amplo trabalho de pesquisa e docente no campo da Psicologia infantil como Professora do Departamento de Psicologia Evolutiva e da Educação da Universidade Complutense de Madri durante mais de dez anos. É autora de diversas publicações em sua maior parte dedicadas aos problemas de aprendizagem, sua avaliação e tratamento. Atualmente desempenha seu trabalho no campo da assessoria familiar. A sua experiência profissional se une sua experiência direta como mãe de quatro filhos.

 

TEXTO - 3

O ciúmes do irmão na chegada do novo bebê.

Ciúmes entre irmãos é completamente normal e compreensível, é um sentimento natural entre pessoas que se amam. O amor de uma criança em relação aos seus pais é extremamente intenso, incondicional e sempre há o desejo de exclusividade.

Sendo assim, desde o início da gravidez os pais podem tomar uma série de cuidados para amenizar o ciúmes do irmão mais velho:

 

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Em alguns casos, são necessárias algumas mudanças na rotina do irmão mais velho, tais como: entrar numa escolinha, mudança de cama, de quarto, troca da pessoa que irá cuidar dele, entre outras. O melhor a fazer é adotar todas as mudanças antes ou bem depois do nascimento do novo bebê. Isto vai evitar que o irmão mais velho associe estas mudanças e perdas à chegada do novo irmão.

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Explicar à criança que um bebê é uma pessoa que chora muito, que não fala, que tem que trocar as fraldas e amamentar toda hora, e que vai demorar um pouco até que os dois possam brincar juntos.

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O primeiro encontro entre os irmãos é um momento delicado. A mãe deve dar o máximo de atenção ao filho mais velho.

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Uma estratégia comum que os irmãos mais velhos usam para atrair a atenção dos pais é a "regressão", agem como se fossem bebês mais novos. Para amenizar esta reação, valorize cada etapa do desenvolvimento de seu filho. Com isto, a criança vai se orgulhar de deixar o berço para dormir na cama, vai gostar de largar as fraldas e achupeta, etc...

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Procure distribuir bem o tempo de dedicação para cada filho. O caçula exige mais atenção: amamentação, fraldas, banho, etc..Aproveite intensamente estes momentos para a troca de carinho e dedique-se exclusivamente ao filho mais velho nos intervalos destas atividades. Preserve um espaço exlusico para cada filho, converse com real interesse com o filho mais velho, sobre todos os assuntos que ele quiser: o brinquedo quebrou, o que ele conseguiu fazer, etc..

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Não recrimine o mais velho por sentir ciúmes, converse abertamente com a criança e dê liberdade para ela expressar o que sente, assim será mais fácil descobrir quais são seus "medos" para ajudá-lo a superá-los.

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A maior parte das tarefas relacionadas ao filho mais novo cabe à mulher, o pai tem mais tempo disponível para dedicar ao filho mais velho. O homem deve aproveitar este tempo para passear e brincar com seu filho, estreitando ainda mais essa relação.

Para criar uma amizade maior entre os irmãos, os pais podem mostrar como o bebê se acalma e sorri com a presença do irmão, mostrando como o bebê gosta de seu irmão.

 

TEXTO - 4

PALAVRA DE QUEM SABE

Ciúme
Uma nova forma de encarar o sentimento de ciúme entre irmãos

Um dia desses recebi no consultório um jovem casal que tinha 2 filhos, um de 3 anos e outro de 5 meses de idade... Interrogados sobre o que os trazia ali, e em que eu poderia ajudá-los, pai e mãe me disseram que estavam muito preocupados com o comportamento agressivo do filho mais velho, em relação ao irmão menor... Eles não sabiam mais o que fazer para conter a raiva e o ciúme do primogênito, que ameaçava jogar o irmãozinho na lata de lixo e, sempre que conseguia subir no berço do pequeno, brincava de enfiar os dedinhos nos olhos dele. Deveriam castigá-lo?

No decorrer da conversa, o casal declarou que estava se sentindo muito culpado com o sofrimento de seu filho, pois tinha discutido muito a vinda de um segundo bebê. Além disso, havia também os ressentimentos de cada um, com a nova divisão de afeto. Se por um lado a mãe não conseguia atender a todas as demandas de seu filho maior, sentindo-se culpada e muito cansada, por outro, o marido muitas vezes se sentia com pouco espaço na relação com sua esposa...

Posso dizer que esse caso é bastante comum, porém, delicado, revelando reações e sentimentos humanos tais como mágoa, raiva, insegurança, rejeição, ciúme e tantos outros.

Como se define o sentimento de ciúme?

É difícil definir o ciúme, pois ele não inclui apenas uma única emoção, mas uma combinação delas.

Muitos pais entendem que o ciúme, assim como a raiva e a inveja, são sentimentos "pouco nobres". Muitos de nós tivemos uma educação que dizia que sentir raiva dos nossos irmãos era feio e errado, e que devíamos amá-los em quaisquer circunstâncias, como se o amor e a raiva fossem sentimentos opostos ou incompatíveis, e que a existência de cada um excluiria a presença do outro.

É fundamental que pais e mães possam repensar as suas experiências infantis como filhos e como irmãos, pois, muitas vezes, os seus receios e ansiedades com seus filhos estão ancorados em como eles próprios vivenciaram o seu ciúme e outros sentimentos.

A função do irmão - o lado bom da história

Durante a vida, os pais oferecem aos filhos carinho e afeto mas, para que estes cresçam, são necessários também certos limites, mesmo que isso os desagrade muito.

Assim é com os irmãos. Se por um lado a convivência mútua propicia experiências e momentos de intensa rivalidade, competição e agressão, que servem para prepará-los para as dificuldades que a vida em sociedade apresenta, por outro nada substitui a incrível experiência de compartilharem as brincadeiras e outros momentos de prazer, e de poderem desenvolver atitudes de cooperação, generosidade e solidariedade na relação com os irmãos...

O que pais e mães podem fazer, com relação ao sentimento de ciúme:

Usar palavras firmes e carinhosas: quando um filho manifestar o desejo de "fazer o seu irmãozinho desaparecer", pai e mãe podem dizer firme e claramente que entendem o seu sentimento de raiva mas que, se o "caçula" real-mente desaparecesse, ficariam muito tristes, pois o amam muito, aliás, os dois.

Atenção especial: ao perceber que o seu filho maior está mais seguro, o casal pode reservar-lhe um dia de total atenção. Beijos e abraços, aliados à lembrança do dia em que ele nasceu, por meio de fotos inclusive, e a felicidade que todos sentiram, funciona bem.

Revezamento dos pais: muitas vezes ocorre que, diante da sobrecarga da mulher, o casal decide que o pai irá tomar conta em tempo integral do primeiro filho, e a mulher passa a se ocupar quase que exclusivamente do bebê recém-chegado. Essa divisão não parece muito justa, já que cada um dos filhos estaria perdendo 100% do contato com um de seus pais, o que é especialmente importante para o primogênito, que se sentirá abandonado pela mãe. O ideal é a criação de tempo e espaço onde pai e mãe se ocupassem dos dois.

Brincadeira compartilhada: os pais que puderem perceber quando as crianças estão juntas, e o que gostam de fazer, têm a chance de oferecer oportunidades para estimulá-las a brincarem juntas, e com isso construir o seu relacionamento.

Evitar comparações: para que esteja ressegurada a auto-estima dos dois filhos é preciso, então, elogiar e falar das habilidades diferentes que cada um tem.

Sintonia dos pais com os sentimentos de seu filho: quando o seu filho mais velho manifestar suas emoções de tristeza, medo, raiva, orgulho ou alegria, ajude-o a falar sobre elas e a aceitá-las. Ele se sentirá entendido e amado.

Os comportamentos de regressão são normais: os pais podem oferecer à criança atividades com argila, tintas e massinha. Esses materiais podem ser de grande ajuda para os pequenos manifestarem os seus sentimentos mais agressivos, e seus desejos de regressão.

Não existe ser humano que não tenha ciúme, ou que não seja alvo e instrumento do ciúme de outros seres humanos. Isso é inevitável.

Também podemos concluir que o aprendizado que envolve o abrir mão do desejo de exclusividade que todo ser humano almeja é, sem dúvida, uma grande conquista para viver de forma saudável os relacionamentos durante a vida.

 

Dra. Mônica Mlynarz
Publicação: Dezembro 2000 - Edição: 7

 

TEXTO - 5

Pediatria/Criança

Com ciúme do irmãozinho

Nem sempre a chegada do segundo filho é encarada com a devida alegria e receptividade por todos os membros da família. O problema acontece quando o até então filho único percebe que o universo que girava exclusivamente ao seu redor terá de ser partilhado com um "estranho". Como os preparativos que antecedem a chegada do bebê duram alguns meses, neste período a criança já pode começar a demonstrar ciúme de formas variadas. Mas não há, segundo especialistas, motivos para alarde. Um irmão é alguém com quem a criança terá que disputar a atenção dos pais, dos parentes, brinquedos e até seu espaço físico no lar. O ciúme é uma reação emocional normal da criança, e cabe aos pais contorná-la com muito diálogo, paciência e compreensão.

Logo que a segunda gravidez foi confirmada, Idalína Cláudia Marciano Silva, 34 anos, tratou de preparar o caminho antes de contar a novidade a Fauzer, de 3 anos. "Ele é uma criança agitada, fiquei com medo de sua reação", conta. Mas, para sua surpresa, o menino não teve a reação que ela imaginava. "Tive o cuidado de prepará-lo antes, dizendo que ele sempre seria o bebê da casa e que não perderia o amor nem do papai muito menos da mamãe", explica Idalina.

Ela revela que apesar de o filho ter recebido bem a notícia, em alguns momentos ainda faz pirraça e grita dizendo que ninguém mais gosta dele e que tudo é comprado para o irmãozinho. "É claro que procuro explicar que todos continuam gostando dele", diz a futura mamãe, que atualmente está no quarto mês de gestação.

www.atribunamt.com.br

Redepsi

 IMPORTANTE

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Procure o seu médico para diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. 

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As informações disponíveis no site da Dra. Shirley de Campos possuem apenas caráter educativo.

Publicado por: Dra. Shirley de Campos