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Biografia do Prof. Emílio Meyer
HENRIQUE EMÍLIO MEYER nasceu em Porto Alegre, a 12 de fevereiro de 1856 e faleceu a 19 de junho de 1939.
Era filho do professor estadual Henrique Meyer e de dona Ernestina Meyer. Desde sua juventude, demonstrou fortes pendores para a espinhosa carreira do Magistério, vindo a lecionar no «Colégio Stahl», localizado em Porto Alegre, onde se dedicou ao ensino da Matemática. A rigidez de seu caráter e o seu temperamento espartano, identificaram-no com o manejo das ciências exatas, sendo contudo um Mestre de cultura multiforme, pois, dominando admiravelmente a Álgebra e a Geometria, era brilhante intérprete do Latim e sólido cultuador do idioma pátrio, que prelecionava de forma irrepreensível. Seu coração generoso procurava ocultar-se atrás de uma impenetrável carranca aparentemente irascível; era no entanto o mais brando e compreensivo dos professores. Pela sua profunda dedicação ao magistério, e pelo seu alto espírito altruísta, no ensino e na educação das gerações, que se sucederam, sob sua disciplina, recebeu o grande Mestre o epíteto de «APÓSTOLO no ENSINO». Foi um verdadeiro Apóstolo, em toda a extensão da palavra, pois muitos discípulos sequiosos e necessitados de saber, mas de parcos recursos pecuniários, procuravam-no em sua casa, onde sempre solícito os atendia, dentro de sóbria rigidez, dispensando-os do pagamento da aula, que, por vezes, se estendia por horas preciosas sem conhecer horário para ensinar. Seu trabalho começava às 6 horas da manhã e prolongava-se, noite a dentro. Estava sempre dando aula, como disse Augusto Meyer: «em casa, na rua, à mesa, na cama. Reatava em sonhos as aulas de cada dia».
Transferindo-se para São Leopoldo, após permanecer no Colégio Stahl até 1875, lecionou até 1878, no Colégio Evangélico, seu nome, porém, era reclamado em Porto Alegre a fim de exercer funções no Colégio Souza Lobo e no Ginásio São Pedro, considerados os principais estabelecimentos de ensino da Capital.
Até então não tinha seu diploma, motivo por que começou a freqüentar a primitiva Escola Normal, no ano de 1880, na qual fez seu curso em apenas um ano, com as mais distintas notas.
Tendo recebido seu diploma em 11 de fevereiro de 1881, quando contava apenas 25 anos de idade, três dias depois as autoridades educacionais da época, reconhecendo sua vasta cultura, designavam-no para reger a aula preparatória masculina, onde, além da cadeira que regia e das aulas que ministrava, por várias vezes lecionou outras no impedimento de colegas ou na falta de professores. E, ensinando português, francês, pedagogia, geografia e história geral, na Escola Normal, teve oportunidade de estar ao lado de figuras exponenciais do magistério da época, como Clemente Pinto, Souza Lobo, Duplan, von Franckenberg, Laurent, Bier, padre Lima e maestro Lino.
Em 1897, o governo do Estado extinguiu a Escola Normal e, sendo posto em disponibilidade, os seus serviços foram sempre procurados pelo poder público, examinando nas colônias e na campanha candidatos ao magistério público.
No ano 1901, criando o Colégio Distrital, que funcionou no antigo prédio da extinta Escola Normal, Emílio Meyer passou a reger a classe masculina.
Extinto o colégio em 1908, depois de breve disponibilidade, vemo-lo, em 1906, figurar entre os fundadores da Escola Complementar, da qual, com o decorrer do tempo derivou o atual Instituto de Educação. Por mais de uma vez, viu-se obrigado a responder pela direção da citada Escola, mas o seu prazer era, antes de tudo, lecionar e o fazia de tal forma que de cada aluno fazia um grande amigo e respeitoso admirador. Na Escola Complementar foi Diretor em 1913, de 1918 a 1920 e de 1925 a 1927. Na Escola Normal acumulou os cargos de catedrático de matemática e professor das três classes do curso complementar.
O professor Emílio Meyer foi envelhecendo no magistério sem sentir e jamais usou sua função para obter regalias. No ano de 1927, quando contava ele 71 anos de idade, antes de deixar a presidência do Estado Dr. Borges de Medeiros e seu Secretário Protásio Alves ofereceu-lhe uma ótima aposentadoria acrescida de mais uma gratificação pelos relevantes serviços prestados ao ensino do Rio Grande do Sul.
Agradeceu e recusou a distinção o grande Mestre e, só em 1932, aos 76 anos de idade e com 51 anos de serviço público, se aposentou, continuando a trabalhar particularmente em todas as matérias dos «preparatórios». Em 15 de outubro de 1938, Dia do Professor, seus antigos alunos prestaram-lhe uma homenagem, inaugurando seu Busto no Instituto de Educação.
Nos últimos anos de sua vida, foi atingido duramente pela sorte caprichosa do destino: sofrera um acidente e, por isto, teve uma perna amputada. Foi pela imobilização que foi forçado a aceitar a aposentadoria, mas ela não o venceu, pois continuou dando suas aulas particulares, em sua casa, muitas vezes, em seu humilde quarto, no leito.
Mas Emílio Meyer não era somente um atleta do espírito, como temos visto até aqui; era também um atleta, no sentido físico da palavra.
Não sabia andar devagar, devorava ruas e ladeiras, com seu passo estugado e, muitas vezes, aos sábados, mochila às costas, lançava-se a longas caminhadas pelas estradas de então, até a orla atlântica, onde ia tomar seu banho de mar. Algum discípulo que ousasse acompanhá-lo, retornava estropiado, de meio caminho, deixando o Mestre a se sumir na estrada com o cabelo grisalho, quase branco, cortado à escovinha e a pele tostada ao sol.
Emílio Meyer bem merece o título de «apóstolo do ensino», pois isolado do mundo, impossibilitado de movimentar-se, não abandonou seu sublime mister. Dois dias antes de falecer ainda fez a sua última oferenda ao ensino - deu sua última aula.
Até o fim esteve rodeado pelo carinho dos alunos que diminuíam à medida que a vida do Mestre se extinguia, cuja força parecia imperecível, e, outra vez parafraseando Augusto Meyer - «Seu primeiro gesto, ao entrar no Paraíso, será retomar a última aula interrompida neste vale de confusões. Dirá aos anjos das belezas irreplicáveis do Binômio de Newton; discorrerá sobre o emprego do que são as virtudes da Geometria. Ao fim da lição, dará de sobra aqueles espíritos puros uma de Horácio, passada ao crivo da tradução, como só ele sabia fazer».
Em 1958, por ocasião das comemorações do Dia do Professor, foi inaugurado no Colégio Municipal Emílio Meyer, que tem a honra de tê-lo como patrono, um bronze retratado admiravelmente pelo cinzel de Caringi o qual dá uma imagem do velho Mestre, nos últimos tempos de sua vida.
Fonte: Livro Comemorativo dos 25 anos da Escola (março, 1979)